26 janeiro 2010

Peregrinação Arciprestal 2010


Nos dias 24 e 25 de Abril
vai ocorrer a
Peregrinação do Arciprestado do Rochoso a Santiago de Compostela
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Os que quiserem participar nesta peregrinação
devem contactar os párocos ou os delegados dos párocos em cada paróquia.
Inscrições até dia 10 de Fevereiro
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15 janeiro 2010

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2010 (continuação)

Edimburgo 2010

O centenário da Conferência Missionária, que aconteceu na cidade no século anterior, será comemorado em junho de 2010 (www.edinburgh2010.org). Os organizadores querem que esse evento seja um tempo de ação de graças pelo progresso que Deus tornou possível na missão. Eles também dedicaram um lugar importante à oração, para oferecer a Cristo o testemunho que as Igrejas terão de sustentar juntas durante o século 21.

Esse encontro também permitirá que aqueles que trabalham há longo tempo no campo da missão e os representantes de correntes mais novas partilhem suas perspectivas. Membros de diferentes tradições eclesiais também poderão discutir sua prática de missão.

O mundo mudou bastante desde 1910 e mais uma vez a missão deve ser pensada de modo renovado. Diante da secularização e da descristianização, dos novos meios de comunicação, das relações interconfessionais, do diálogo interreligioso, há muitos temas a serem discutidos. Todos podem concordar quanto à necessidade de os discípulos de Cristo darem testemunho, mas ainda é difícil chegar a uma compreensão comum do que a missão precisa ser hoje. Dentro de cada Igreja individualmente não faltam reflexões e debates. Tudo isso não poderia trazer mais benefícios se envolvesse todas as Igrejas numa reflexão conjunta?

1910- 2010: Os cristãos trazem no coração um senso de urgência bem semelhante: para nossa humanidade ferida pela divisão, o evangelho não é um luxo supérfluo; o evangelho não pode ser proclamado por vozes discordantes.

Em Cristo, os que se encontram cheios de ódio podem encontrar o caminho da reconciliação. Em Cristo, aqueles que se dividem por qualquer coisa podem encontrar a alegria de viver como irmãos e irmãs... Vós sois as testemunhas disso.

A preparação do material para a Semana de Oração
pela Unidade dos Cristãos 2010

O trabalho inicial que levou à publicação deste livreto foi realizado por um grupo ecumênico escocês reunido pela Ação de Igrejas Reunidas na Escócia (Action of Churches Together in Scotland – ACTS), a convite da Conferência dos bispos católicos. Particularmente queremos agradecer a todos os que contribuíram com esse trabalho:

— Sr. Andrew Barr (Igreja Episcopal da Escócia)
— Major Alan Dixon (Exército da Salvação)
— Rev. Carol Ford (Igreja da Escócia)
— Rev. Willie Mcfadden (Igreja Católica Romana)
— Rev. Lindsay Sanderson (ACTS – Igreja Reformada Unida)

Os textos aqui propostos foram finalizados durante o encontro do grupo internacional preparatório, nomeado pela Comissão Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas e pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. O grupo se encontrou no Scotus College em Glasgow, que é o seminário nacional católico romano da Escócia. Somos particularmente gratos ao reitor do Seminário, o próprio Rev. William McFadden, aos seminaristas e a toda a equipe de trabalho pela calorosa recepção, pela disponibilidade e pelo clima de oração com que acompanharam nosso trabalho. Finalmente, temos uma especial palavra de agradecimento a Rev. Lindsay Sanderson ( Assistente Geral de Secretaria da ACTS) por ter revisado os textos junto com o Rev. McFadden, pelas ocasiões de oração comum e pelas partilhas organizadas com representantes de várias Igrejas cristãs da Escócia, bem como pela preparação geral do encontro.

14 janeiro 2010

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2010 (cont.)

Durante o século passado a reconciliação entre os cristãos tomou formas bastante diferentes. A espiritualidade ecumênica mostrou como a oração é importante para a unidade dos cristãos. Grande impulso foi dado à pesquisa teológica, levando a um grande número de acordos doutrinários. A cooperação prática entre as Igrejas no campo social fez nascer frutuosas iniciativas. Junto com essas conquistas mais amplas, a questão da missão assumiu um lugar especial. Há até um consenso generalizado de que a Conferência Missionária Mundial de Edimburgo, em 1910, marcou o começo do movimento ecumênico moderno.

Missão e Unidade

Nem todos fazem naturalmente a ligação entre o empenho missionário e desejo da unidade cristã. Ainda assim, o compromisso missionário da Igreja deve caminhar passo a passo com seu compromisso ecumênico. Por causa do nosso Batismo já somos um único corpo e somos chamados a viver em comunhão. Deus nos fez irmãos e irmãs em Cristo. Não é esse o testemunho fundamental a que somos chamados?

Historicamente, o fato de que a questão da unidade cristã era frequentemente abordada por missionários se deve a razões práticas. Acontecia desse jeito simplesmente para evitar competição diante da necessidade de grandes recursos humanos e materiais. O território a ser evangelizado era partilhado e tentativas ocasionais eram feitas para realizar algo mais do que ter atividades desenvolvidas paralelamente e para favorecer projetos comuns. Missionários de Igrejas diferentes poderiam, por exemplo, combinar seus recursos para elaborar uma nova tradução da Bíblia e essa cooperação a serviço da Palavra de Deus levou a reflexões sobre as divisões entre os cristãos.

Sem negar as rivalidades existentes entre missionários enviados por Igrejas diferentes, deve também ser reconhecido que aqueles que estiveram primeiro no campo da missão foram também os primeiros a reconhecer a tragédia da divisão dos cristãos. A Europa havia se acostumado às divisões entre Igrejas mas o escândalo da desunião parecia terrível aos missionários que estavam anunciando o evangelho a pessoas que nada sabiam sobre Cristo até então. É claro que as diferentes divisões que marcaram a história do Cristianismo tiveram suas razões teológicas, mas também foram influenciadas pelo contexto (histórico, político, intelectual...) que lhes deu origem. Seria justificado exportar essas divisões para os povos que estavam descobrindo Cristo?

No meio do novo caminho que as recentes Igrejas locais estavam descobrindo, seria difícil deixar de notar a lacuna entre a mensagem de amor que queriam viver e a real separação entre os discípulos de Cristo.Como se pode fazer outros entenderem a reconciliação trazida por Cristo se os próprios batizados se ignoram ou lutam entre si? Como grupos cristãos que viviam em mútua hostilidade poderiam pregar um único Senhor, uma só fé e um só Batismo de modo convincente?

Não havia, portanto, falta de questões ecumênicas para os participantes da Conferência de Edimburgo em 1910.

A Conferência Missionária de Edimburgo, em 1910

Os delegados oficiais das sociedades missionárias protestantes de diferentes ramos do protestantismo e do anglicanismo, junto com um convidado ortodoxo, se encontraram durante o verão de 1910 na capital da Escócia. A Conferência, que não era um encontro de caráter decisório, não tinha outro objetivo senão ajudar os missionários a construir um espírito comum e coordenar seu trabalho.

Somente estavam presentes aquelas sociedades missionárias que trabalhavam para anunciar o evangelho em novos territórios onde Cristo ainda não era conhecido. Assim, as sociedades que trabalhavam na América Latina ou no Oriente Médio, onde já estavam a Igreja Católica Romana e as Igrejas Ortodoxas, não foram convidadas.

Em 1910 o panorama religioso escocês estava começando a se diversificar e as Igrejas Católica e Episcopal mais uma vez desempenharam um papel importante. Edimburgo foi escolhida como local desse encontro por causa de sua vitalidade intelectual e cultural. A reputação de seus teólogos e líderes eclesiais também influenciou a escolha. As Igrejas protestantes escocesas eram também especialmente ativas na missão e tinham fama de prestar atenção às culturas locais.

As igrejas cristãs na Escócia hoje

Reconhecendo esse importante marco na história do movimento ecumênico, era natural que os promotores da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos – a Comissão Fé e Ordem e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos – convidassem as Igrejas escocesas para preparar a Semana de Oração de 2010 , ao mesmo tempo em que elas estão envolvidas nos preparativos para celebrar o aniversário da Conferência de 1910 , que terá como tema “Testemunhar Cristo Hoje”. Em resposta, essas Igrejas sugeriram como lema “Vós sois as testemunhas disso” (Lucas 24,48)

09 janeiro 2010

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2010

Os oito dias

Durante a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2010, vamos refletir a cada dia sobre o capítulo 24 do evangelho de Lucas, olhando as perguntas que ele nos apresenta: perguntas de Jesus aos discípulos; perguntas que os discípulos fazem a Jesus.

Cada um desses questionamentos nos possibilitará destacar um modo particular de testemunhar o Ressuscitado. Cada um deles nos convida a pensar sobre nossa situação de divisão eclesial e sobre como, concretamente, podemos remediar isso. Já somos testemunhas e precisamos nos tornar testemunhas melhores. Como?

— louvando Aquele que nos dá o dom da vida e a ressurreição (dia 1)

— sabendo partilhar com outros a história de nossa fé (dia 2)

— reconhecendo que Deus age em nossas vidas (dia 3)

— dando graças pela fé que temos recebido (dia 4)

— confessando a vitória de Cristo sobre todo sofrimento (dia 5)

— buscando sempre ser mais fiéis à Palavra de Deus (dia 6)

— crescendo na fé, na esperança e na caridade (dia 7)

— oferecendo hospitalidade e sabendo recebê-la quando nos é oferecida (dia 8)

Não seria bem mais fiel o nosso testemunho do evangelho em cada um desses aspectos se testemunhássemos juntos?



08 janeiro 2010

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2010


O tema bíblico:

“Vós sois as testemunhas disso”

No movimento ecumênico temos frequentemente meditado sobre o discurso final de Jesus antes da sua morte. Nesse testamento final a importância da unidade dos discípulos de Cristo é enfatizada: “Que todos sejam um... para que o mundo creia” (João 17,21)

Este ano as Igrejas da Escócia fizeram a escolha original de nos convidar a escutar o discurso final de Cristo antes da sua Ascensão: “É como foi escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, e em seu nome se pregará a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém. E vós sois as testemunhas disso.” (Lucas 24,46-48). É sobre essas palavras finais de Cristo que refletiremos a cada dia.

Durante a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2010, somos também convidados a percorrer todo o capítulo 24 do evangelho de Lucas. Tanto as mulheres assustadas diante do túmulo, como os dois desanimados discípulos no caminho de Emaús ou os onze discípulos dominados por dúvida e medo, todos os que juntos encontram o Cristo Ressuscitado são enviados em missão: “E vois sois as testemunhas disso”. Essa missão da Igreja é dada por Cristo e não pode ser posse particular de ninguém. É a comunidade dos que foram reconciliados com Deus e em Deus e podem testemunhar a verdade do poder da salvação em Jesus Cristo.

Percebemos que Maria Madalena, Pedro ou os dois discípulos de Emaús não vão testemunhar do mesmo jeito. Ainda assim, será a vitória de Jesus sobre a morte que todos colocarão no coração de seu testemunho.O encontro pessoal com o Ressuscitado mudou radicalmente suas vidas e, na originalidade de cada um, uma coisa se torna imperativa: “Vós sois as testemunhas disso.” Sua história vai acentuar aspectos diferentes, às vezes podem ocorrer entre eles discordâncias sobre o que a fidelidade a Cristo exige, mas ainda assim todos irão trabalhar para anunciar a Boa Nova.



06 janeiro 2010

Nova data para o Curso de Iniciação para Catequistas


Em carta enviada pelo
Departamento da Educação Cristã da Infância e Adolescência
é comunicada uma alteração das datas
do Curso de Iniciação para Catequistas.
Assim, a nova data é:
dias 20, 21 e 27 de Fevereiro no Sabugal.
Esta alteração deve-se à ponderação por parte daqueles que irão acolher a realização desta iniciativa.

05 janeiro 2010

Esta foi a homilia do Bispo da Guarda no Dia Mundial da Paz


Hoje cumpre-se a 43ª edição do Dia Mundial da Paz.

Na sua mensagem para este dia, o Santo Padre Bento XVI convida-nos a reflectir sobre o respeito que devemos a toda a criação para que a paz seja possível. E este convite chega a todos nós, quando estamos ainda sob os efeitos da desilusão provocada pela cimeira de Copenhaga, onde os senhores do mundo não foram capazes de se entender sobre opções básicas a fazer para garantir a sustentabilidade da natureza e consequentemente o futuro da Humanidade. Os interesses imediatos sobretudo dos países mais desenvolvidos sobrepuseram-se ao Bem Comum da Humanidade. É neste contexto que ganham novo vigor as recomendações e os apelos do Papa na sua mensagem para este dia.

De facto, ninguém pode ficar indiferente perante os dramas humanos derivados das alterações climáticas, da desertificação, com perda de vastas áreas agrícolas, assim como da poluição dos rios e de importantes lençóis de água.

Por sua vez, este e outros dramas afins colocam-nos a seguinte pergunta de fundo: Afinal o que é verdadeiramente desenvolvimento? Será desenvolvimento promover, a qualquer preço, o consumo desenfreado dos recursos naturais? Poder-se-á desligar o bem físico da pessoa do seu bem espiritual e de relação seja com as outras pessoas seja com a própria natureza? A Mensagem do Papa XVI apela a uma revisão profunda do modelo de desenvolvimento que nos está a ser proposto; apela à própria economia para que repense os seus objectivos e seja capaz de corrigir as disfunções e deturpações que, em muitos casos, tem levado à vida das pessoas; apela à consciência de pessoas e grupos para que levem a sério a crise cultural e moral do ser humano na actualidade, cujos sintomas há muito se manifestam por toda a parte.

De facto, e este parece ser o pano de fundo de toda a mensagem, não pode desligar-se a ecologia da natureza da ecologia humana. Por outras palavras, o respeito pela natureza depende, em larga escala, dos valores morais assumidos ou não pelos seres humanos; por sua vez, quando a natureza não é respeitada a consequência são os sinais da sua relativa vingança, que todos conhecemos, com repercussão negativa na vida dos seres humanos. Entre os valores morais que mais determinam a prática equilibrada da relação com a natureza e do legítimo aproveitamento dos seus recursos, o Papa sublinha sobretudo dois: a sobriedade e a solidariedade. Com a sobriedade quer-se dizer que temos de modificar os nossos hábitos de consumo, temos de aceitar que precisamos de consumir menos do que estamos a consumir para não esgotarmos os recursos da natureza. Com o valor da solidariedade, queremos levar a sério o princípio de que Deus criou os recursos naturais para todos os seres humanos, aqueles que hoje vivemos e também para as gerações futuras. Temos, assim, a obrigação moral de praticar a solidariedade com todos os homens e mulheres da geração actual, a começar pelos mais pobres, mas também com as gerações futuras.

E o Papa não foge às dificuldades inerentes à aplicação concreta dos dois princípios morais enunciados. Selecciona, por isso, duas áreas especialmente sensíveis para a programação do futuro das nossas sociedades. Uma delas são as energias renováveis e a gestão da água; a outra é a importância para o desenvolvimento sustentado e equilibrado que continua a ter a agricultura e o mundo rural. Sobre este último ponto faz as seguintes recomendações, que se aplicam, a título especial, aos nossos ambientes, de facto, em processo acelerado de relativa desertificação. Diz ele: “Devem procurar-se apropriadas estratégias de desenvolvimento rural centradas nos pequenos cultivadores e nas suas famílias, sendo necessário também elaborar políticas idóneas para a gestão das florestas... Para isso são necessárias políticas nacionais ambiciosas... que trarão importantes benefícios sobretudo a médio e a longo prazo”.

Quando entre nós se continua a verificar o processo de desactivação das grandes empresas que colocam no desemprego centenas e centenas de pessoas, temos legitimidade para exigir, neste momento, as tais políticas nacionais ambiciosas a que se refere o Papa. Elas passam principalmente pela criação de condições que possam mobilizar as pessoas para iniciativas capazes de aproveitar, de facto, os recursos que temos nos nossos ambientes.

Esperamos que o Ano Europeu de luta contra a pobreza e a exclusão social, que hoje mesmo se inicia, seja realmente vivido por todos nós na procura de soluções inovadoras capazes de entusiasmar também os que são pobres na luta contra a pobreza.

+Manuel Felício, Bispo da Guarda

Esta foi a Mensagem de Natal do bispo da Guarda


...E Deus entrou na cidade


Sim, José e Maria vieram de Nazaré e entraram na cidade de Belém para que aí pudesse nascer Jesus Cristo, o Verbo de Deus encarnado. Porém, não houve para eles lugar nas casas da cidade e por isso foram abrigar-se nas redondezas, no campo dos pastores e numa gruta de animais. Foi assim, numa manjedoura, que Jesus nasceu; portanto, fora da cidade e do aconchego dos lares. Também nós estamos, hoje, numa sociedade onde parece não haver lugar para Deus. Tem muito que fazer, o desemprego para combater, o rendimento social de inserção para garantir, a educação e a saúde para organizar, a Justiça para fazer funcionar e mil outras coisas.Uma sociedade assim diz-nos que temos de trabalhar para ganhar a batalha do desenvolvimento, mas sem nos explicar de que desenvolvimento se trata. Esquece-se de que o verdadeiro desenvolvimento, único capaz de satisfazer as pessoas, é o desenvolvimento integral, de que faz parte a dimensão daquilo que não se pode medir, não se pode comprar nem vender, sendo a pura gratuidade do dom, do qual o Presépio de Belém é a expressão mais acabada no coração da história humana. Esquece-se de que o coração humano grita sempre pela dimensão do eterno, pela relação que permanece, na voracidade do tempo que passa. Os grandes mentores do estilo de vida que nos é proposto e muitas vezes imposto não têm resposta para as grandes interrogações que preocupam o ser humano, como são as relacionadas com o sofrimento e com a morte. E porque não sabem responder, esquecem-nas, escondem-nas, vivem e querem fazer-nos viver como se elas não existissem. Confrontados, como todos nós, com a grave crise que continuamos a atravessar, não querem perceber que ela é mais do que económica e financeira; é crise de civilização e essencialmente uma crise dos valores necessários para dar verdadeiro sentido à nossa vida pessoal e comuni-tária. E como se isto não bastasse, apelidam de retrógrados, saudosistas do passado e de costas voltadas para o futuro quantos continuam a defender a dignidade e os direitos da instituição familiar e a verdadeira natureza do casamento; quantos defendem que não pode haver educação sem projecto educativo e que não é ao Estado, mas às famílias, que compete definir esse projecto educativo; quantos insistem em lembrar que a vida humana é o valor dos valores, desde o primeiro momento da sua concepção até à morte natural e outros.E porque a presença de Deus na cidade incomoda os que querem organizar a vida social à sua medida e à margem destes e de outros valores fundamentais, assistimos diariamente à estratégia concertada de O empurrar para as periferias da cultura, remetendo-O, quando muito, para as consciências individuais ou, pior ainda, querendo culpabilizá-lo por todos os males e atropelos que as pessoas e a sociedade diariamente produzem. Por sua vez, todos os símbolos que possam lembrar a presença de Deus na cidade, mesmo aqueles que, de facto, fazem parte integrante da nossa tradição cultural de povo multissecular, procuram arredá-los, o mais possível, da praça pública. E, a esse propósito, estamos para ver o que vai acontecer em mais este Natal. Espera¬mos que o quadro do Presépio de Belém, com o Menino Jesus, acompanhado de Maria e de José, o mais importante sinal identificativo da quadra natalícia, não fiquem fora da profusão de luzes e de cores com que as ruas estão a ser mais uma vez engalanadas.Não tenhamos medo nem do Presépio nem do Menino Jesus, o Deus feito criança para nos salvar. Ele vem para nos ajudar a superar a crise das crises, que é a falta de amor e fraternidade na vida das pessoas. Que este Natal seja para todos nós o abrir as portas de par em par à vinda de Deus que só deseja recolocar as nossas vidas no projecto da esperança que o Presépio de Belém manifesta.

D. Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda